Ô saudade
que eu estava de escrever as Michelices da minha vida. Tive um tempo de descanso
e também de altas emoções, mas passou, a vida segue, anda PARA A FRENTE sem nem
olhar para trás. E é nessa pegada que vou.
E
lembrando dessa coisa de caminhar sem nem olhar para o lado, cavuquei um ótimo
momento da vida.
Já contei
que conheço os picos mais escondidos e descolados de coisinhas que TODA A
MULHER quer ter na vida? Sim, estou falando de bijus, acessórios e afins por
uma bagatela de poucos reais.
São
aquelas coisas lindas que a “amiga” pergunta:
- Nassammm, onde comprou amigannn?.
E você
responde:
- Meninaaa, numa loja suuuper legal e descolada, coisa gringa, sabe?
Sendo que
a lodjinha fica é no centrão da nossa São Paulo querida. E vou contar um
segredo, amoooo o Centro de SP. Deleto toda a sujeira e me sinto nos anos 30,
quando a paulistada se revoltou contra o governo ditador de Getúlio Vargas. Ou
então nos anos 40, quando os grandes prédios começaram a ser construídos. Pode ser
também nos anos 60, quando os estudantes eram mais humanos e lutavam pelo
futuro contra a ditadura. Ou lembro de quando era pequena nos anos 80 e meu pai
nos levava num tour com direito a estórias e histórias. Puro amor!
O fato é
que lá estava eu, agora jovem adulta, trabalhando no Ed. Itália, aquele do Terraço Itália, prédio lindo,
imponente, poderoso e no meio do povão.
Era uma
delícia trabalhar lá, sempre uma emoção louca.
Um dia
desci do metrô logo cedo e alucinada de fome, vi de longe um folhado de peito
de peru na Casa do Pão Queijo sorrindo e falando “vem me pegar, vem vem vem”,
respondi “cê vai morrer, safado!”
O
cheirinho inundou todas glândulas de fome que existiam em mim e quando estava
pronta para dar o NHAC avistei um senhorzinho mendigo. Ai gente, muita dó...ele
revirava os lixos em busca de comida (pensei eu).
Andei em sua
direção, toquei seu ombro e falei “Oi, olha...aqui tem um folhado bem gostoso
pro senhor...tó”. Sei lá o que rolou, só sei que o senhorzinho se transformou
numa espécie de véio do saco folgado
que gritando me chamou de tudo que era nome “Sua vagabunda do piiiiiiiii
(censurado), pensa que sou um morto de fome, é? Pega esse folhado
e...(deduzam).”
Até hoje
tenho trauma em oferecer comida para os necessitados no meio da rua.
Bom
gente, mas voltando ao foco de andar sem nem olhar para o lado....
Um dia ao
sair do lindo Ed. Itália, resolvi dar um rolê para ver se descobria os achados
que citei no começo.
Andei
muito, choveu, não encontrei nada e resolvi caminhar por aquelas “ruas galeria”
em direção ao metrô. Estava cansada, exauuuusta, com o cabelo zoado, pé doendo,
estava uma coitada, judiada! Porém, ao andar percebi pela minha visão periférica
que um cara me olhava fixamente. Cada vez que me aproximava, as olhadas ficavam
mais intensas e o pior, ele parecia ser um GATO!
Continuei
em linha reta, um pouco tensa e pensando “tomara que eu não caia, não tropece e
não trupique aqui no chão”.
Depois de
passar por ele e sentir o olhar intenso, não resisti e dei uma viradinha,
precisava ver a cara do moço que parou para me ver passar.
Só que o
moço era o Antônio Banderas.
Quer
dizer, o moço era um banner.
O banner do Antonio Banderas com o perfume Seduction na mão.
Nunca fui
tão iludida na minha vida! Um banner me enganou, ponto pra ele.
E eu
poderia ter aprendido a lição, não é mesmo? Mas NÃO!
Esses dias, ontem, sabem quem me
paquerou no Pão de Açúcar?? O Olivier Anquier...
Quer
dizer, o banner do Olivier. Outra vez iludida.
Sendo
assim, resolvi que caminharei sem nem olhar para trás. Mas é melhor dar uma
olhadinha para o lado, só para garantir vai.