sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A pior Michelice da vida!


O povo adora falar. Fala do que sabe e do que não sabe.
Agora a onda do momento é falar sobre o fim do mundo que rolaria hoje, 21/12/12. 
Ahhh deram até o horário: 11:11 da manhã. Ahãm...coloca o boi pra dormir, vai.

“Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai. Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem. 
Mateus 24:36-39

Esclarecida aqui a verdade sobre o gran finale e começando as brincadeiras também sobre isso, como deixar de postar a pior Michelice da minha vida?

Resolvi que era a hora de colocar uma boa pitada de risada na sua cara. Sim, na sua mesmo que está lendo o blog.
Por isso, vamos ao clássico dos clássicos de todas as piores Michelices que já aconteceram na face dessa Terra: o dia em que uma paixão surgiu por conta de uma frase mal colocada.
Calma gente, sei que lendo isso parece que não foi nada, mas essa frase teve conseqüências sérias no futuro do Litoral Norte de SP.


Eu e as amigas (as da vida inteira) alugávamos uma casinha no sertão de Boissucanga, num condomínio simples, porém onde vivemos alguns dos nossos melhores momentos.

Ohhh época boa da vida, sem muitas contas ou preocupações. Só queríamos saber de praia, praia, praia!
O condomínio tinha umas casinhas coloridas, meio Valparaiso no Chile, e uma galera muito gente boa.
Era uma alegria chegar na “casinha”.
Íamos de casa em casa para saber como tinha sido a semana da galera ou para comer um churrasquinho com os amigos ou para comprar biquínis das amigas ou para escutar uma musiquinha.
Mas não pensem que não tinha fiscalização não! O dono de tudo era o Seu Fernando.
Ele era um senhor “cobrador de impostos”, mas no caso cobrava os alugueis mesmo, afinal era o proprietário. E fazia isso sem dó, nem piedade. Só que na hora de fazer melhorias era sempre um parto. Dizia que éramos “pidonas”, que não estávamos satisfeitas com nada e ficava num mau humor absurdo.
Mesmo assim acabava fazendo tudo para “as meninas” (como nos chamava).

Agora PARALISA tudo e preste atenção nessa parte.

Já contei aqui da fase crente da minha vida, né? Só que bem nessa época estava passando por aquela coisa nova de conhecer a igreja, o linguajar, a filosofia, o objetivo, etc. 
Mergulhei nesse novo mundo e comecei a usar as gírias típicas que quem não conhece, não entende.
Ainda não tinha encontrado o equilíbrio entre as coisas maravilhosas que estava conhecendo e a vida como ela é.

Pois bem...agora volta para o que eu estava contando antes.

Um dia acordei bem cedinho e as meninas continuaram dormindo.
Fiquei na varanda contemplando o dia lindo: o sol que batia nas folhas, os passarinhos em polvorosa cantando com toda a alegria e a lesma andando no chão.
Senti o cheirinho de café vindo da outra casa e pensei na fome que estava começando a aparecer. 
Pôxa, queria um sandubinha feito no tostex. E o Seu Fernando tinha colocado um novinho na casa de todos, menos na nossa porque dizia que já tinha feito MUITO.
Brigamos bastante com ele na noite anterior, mas seu coração estava uma pedra. Chatonildo!

De repente meus pensamentos são interrompidos pelo próprio:

 - E ai, morena...acordou mais cedo hoje?
 - Ohhh Seu Fernando, bom diaaa! Sim, estou só esperando as meninas.

E ficamos lá de prosa, papo vai, papo vem e ele pergunta:

 - Mas e você, uma morena tão bonita...não namora?

E eu respondi:

 - Eu não, Seu Fernando! Estou esperando o Senhor!

Nesse momento ele ficou pálido, sem respiração e levantou com tudo:

 - Está??????? Mas porque??? Desde quando??

 - Sim, estou sim! Sabe Seu Fernando, acredito que será a melhor coisa na minha vida! Faz pouco tempo que senti isso e estou muito feliz com minha decisão. Na hora certa acontece, né?

Gente, ele emudeceu. Levantou, entrou no carro e saiu em disparada. Fiquei sem entender muito bem, mas como o achava meio doidinho, nem liguei.
As meninas levantaram e fomos para o nosso feliz dia na praia, pura alegria!


Já era noitinha quando chegamos na Casinha. E lá estava o Seu Fernando com uma caixa enorme que tinha um laço vermelho bem lindo.

 - Oh morena, trouxe esse presente aqui para você!
 - Pra mimmmm, Seu Fernandooo? Ai que emoção!!! Mas maginaaa, não precisava!

E percebi que as meninas me olhavam com uma cara estranha.
Bom, abri a caixa e era uma sanduicheira novinha
Eu falava:

 - Meninas, olheeem o que ganhamos!!! Ai Seu Fernando, muito muito muito obrigada! Tá vendo só, o senhor é bonzinho no fundo no fundo.

Foi quando uma delas me puxou de lado:

 - Oh mina, o que você falou pra ele hoje cedo?
 - Ué Lu, nada demais...conversamos sobre a vida, ele perguntou porque eu não namorava...
 - E o que você respondeu?
 - Afê Lu, respondi a real...que estou esperando no Senhor!
 - Mina, vai lá agora e explica direito. Ele acha que você está esperando por ele e não o Senhor responder sua oração do principe no cavalo branco....vai lá!

CA-RAM-BA! Que vergonha! Não é possível que ele estava pensando aquilo. Fiquei tensa, mas lá fui eu:

 - Oh Seu Fernando, querido...viu, deixa eu te falar uma coisa...
 - Fala morena, fala...
 - Então, lembra que a gente tava conversando mais cedo?
 - Lembro, lembro sim morena...
 - Então Seu Fernando, é que eu não namoro porque estou esperando o Senhor DEUS me dar um namorado...entendeu?

Gente, senti que o mundo parou naquele momento para ele.
Sem falar (novamente), ele me deu as costas, andou em passos leves e tristes, entrou cabisbaixo no carro e saiu do condomínio.

Aiiiiiiii que dó! As meninas acabaram comigo e eu fiquei desolada.
No dia seguinte ele voltou, numa dose extra de mau humor e a vida continuou como sempre foi.
Depois de pouco tempo recebemos a notícia de que ele tinha falecido.
Dizem que foi do coração....ain.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Um banho no Francês!


Sabe quando você dá aqueles foras que são totalmente FORA do que poderia ter feito?? 
Pois é minha gente, vou contar o mais recente e isso só pra variar um pouco, né?



Esses dias recebemos a visita de uns franceses na agência e precisaram de uma série de informações para nos ajudar no dia a dia. 
Só que gringo é gringo e europeu é europeu, manja? 
Os caras são suuuuper certinhos...o calor gritando e eles de terno e gravata naquela postura firme que até dói.

Clarooo que já colocamos apelidos em todos, mas o que mais tinha contato conosco foi apelidado de Peter Parker...igualzinho, gente!
Ou então Mario, porque estávamos trabalhando e de repente o cara aparecia. É como se saísse do ar-condicionado ou do cano e nós ficávamos com aquela cara de ÃN?

Bom gente, ficamos em polvorosa levantando informações para a francesada. Eram conversas complexas em inglês e muita coisa para fazer. Mas é do jogo e assim levamos a semana....um corre corre a la Spider Mario.

Era sexta, eu já estava arrasada de cansaço pela semana pesada.
E era cedo, bem cedinho.
E eu tinha sede, muita sede.

Peguei água, sentei com aquela cara de quem dormiria um ano inteiro e abri meu note para começar a trabalhar.
Eis que surge ele, Peter Parker Mario.

 - Hi, how are you?
 - Ahhh hi, tudo bem? Ops...hi, i’m fine...and you?

Bom gente, resumindo ele pediu para sentar comigo e ver algumas planilhas.
Poxa Peter, vá lutar contra os malfeitores, sabe? – pensei eu, mas claro que respondi “Lógicooo, senta aqui...o que quer ver, vamos lá...”

Foi ai, que numa ação involuntária da minha mão, dei um tapão no copo d’água gigante sob minha mesa. Como se fosse uma tempestade ele e eu ficamos ensopados.
E numa ação mais involuntária ainda, minha mão quis secar locais inapropriadíssimos.
Simmmm, quase coloquei a mão onde não devia porque fiquei sem graça, implorando o perdão do moço certinho.
Ele levantou muito rápido e saiu correndo.
E eu fiquei:  “a-i m-eu De-us du céu, que fo-ra!”



Mas como todo bom europeu, era um gentleman e foi somente buscar papel para secar a bagunça toda que a desastrada aqui proporcionou.
E eu só: sorry, please...oh my God, I´m sorry!

E ele muito sério, engomado, arrumado e olhando para mim.
E eu muito desastrada, ensopada, envergonhada e olhando para ele.

E de repente ele soltou uma gargalhada que me deixou até sem graça. Vai saber o que pensou:

Brasileira tonta do caramba;
Brasileira tarada do caramba;
Brasileira louca do caramba;
Brasileiras....

Só sei que nas duas semanas restantes, o Peter me olhava e soltava uma risadinha.
Mantive-me bem longe e agora levo a sério o lema: 
“SE BEBER ÁGUA, NÃO LEVE GRINGOS PARA A SUA MESA!”