quinta-feira, 24 de abril de 2014

Ô morena...

A mulher sofre abuso todos os dias. Deixei essa história um pouco engraçada para amenizar a vida, mas no fundo ela mostra como homens podem ser bemmm abusivos.

Não sei nem como começar a contar o maior BAPHO da minha vida. Mas já não dá para continuar aqui sem compartilhar esse tragicômico momento.


A Pompéia é um bairro da Zona Oeste de São Paulo que cresceu cheio de imigrantes italianos, atraídos pelas centenas de indústrias que apareciam na região. 

No bairro tem lugares muitoooo legais, como o Sesc Pompéia, o Allianz Parque (antiga Sociedade Esportiva Palmeiras e o Parque da Água Branca. Além disso, foi berço de várias bandas nos anos 70/80.
Lembro que os Titãs gravavam num estúdio na minha rua e eu amava ver aquele povo entrando e saindo da casa que tinha o meu muro do “esconde-esconde”.

Nasci, cresci e me desenvolvi no bairro.
No auge do desenvolvimento, aos 16, lá estava eu na frente da Pizzaria Micheluccio esperando o busão para ir à casa das minha best Kako que morava na Lapa.

Ahhh eu e a Kako....a gente aprontou tanto nessa vida que acho que nem cabe aqui nesse espaço. Mas ela é uma das pessoas mais divertidas, lindas e especiais do universo. Sabe aquela pessoa do bem? Aquela pessoa que dá a roupa do corpo pra não te ver passando frio? Essa é a Kako.
A casa dela era na rua mais legal da Vila Romana, a Rua Baré. Ficávamos sem fazer nada, só falando e rindo muito. As pessoas mais incríveis que já conheci saíram de lá.
Ohh tempo bom.

Mas voltando ao assunto, lá estava eu de calça quase nas peitas, blusinha branca e botinha nos pés...toda me achando.
Eu e um senhor no ponto de ônibus, solamente.

Do outro lado da Av. Pompéia estava o trânsito das Índias, afinal ia ter jogo e aí era puro caos.
Não tinha fone para ouvir uma musiquinha, éramos eu e o som das ruas.

Foi quando percebi um ônibus em direção ao Palmeiras lotado de torcedores: 

PALME Ê Ê Ê RAS, UH UH.... PALME Ê Ê Ê RAS, UH UH....


Aconteceu um milésimo de segundo de silêncio e ouvi na sequência:

 - AE MORENA, OW GOSTOSA, VIRA AE QUE A GENTE QUER VER A SUA BUNDA!

Sim, eles sabiam o que queriam.
Passaram o objetivo em uma frase, assim, sem nenhum pudor. Homens unidos e abusivos se achando o máximo dos máximos.

Eu só pensei: 
- ah tá!
E fiz uma cara de ranço.

Mas o trânsito não fluía, a torcida pedia e não era atendida, então rolou uma revolta forte e fui alvo da fúria que só as mães dos juízes podem entender.

Em looping ouvi a canção:

morena vagabunda eu vou comer sua bun..*piiii, e a b...*piiiiii, e e e e e e vou chupá suas tetá...”
*censura obrigatória pelo teor maldoso da poesia abusiva urbana.

Foram os 5 minutos mais eternos e horrorosos da minha vida.

E vocês lembram que comentei que um senhor estava comigo no ponto? Pois é.
Vocês acham que ele se compadeceu de mim? NÃO, meu povo!
Ele ficou numa curiosidade tão louca que deu uma analisada bem dada e fez um jóia para a torcida. Sim, ele participou daquilo tudo.

Vontade de olhar bem pra cara dele e falar assim, ó:

Ahhh como eu queria que você estivesse aqui, véio safado do caramba!

E eu lá, parada, desolada, desacreditada pensando em planos:

 - se for embora e virar, vou mostrar minha bunda e isso pode ser tenso;

 - se ficar e não mostrar, isso continuará tenso.

Pede pro Coelho mostrar a dele, ué!

Não fiz nada, só senti vontade de chorar, mas o trânsito andou e a torcida lembrou o motivo de estarem esmagados dentro de um ônibus.

Os gritos voltaram a ser:
PALME Ê Ê Ê RAS, UH UH.... PALME Ê Ê Ê RAS, UH UH....

O senhor quis puxar papo, não lembro, mas desconfio que o mandei dar uma pequena ida ao mundo do cocô.


Cheguei na casa da Kako me sentindo moralmente degolada. O sentimento passou porque somos fortes, mas a historinha existe e que possamos refletir e ensinar aos amiguinhos que isso não se faz nunca, de jeito nenhum, jamé, apenas NÃO.

Mi

=p



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

My light shines on!

PARA OUVIR O POST ENQUANTO LÊ A MÚSICA: 
http://www.youtube.com/watch?v=peugq83Fv2c

Num desses dias lindos de sol estava eu com meus amigos no sítio em Itatiba. Conhece Itatiba? É uma cidadezinha do interior de São Paulo...uma delicinha. Estávamos no sítio da Magrela, amiga querida.

Pois bem!

Rimos, pulamos estilo "bomba" na piscina para molhar todos ao redor, comemos até não caber mais e chegou uma hora que cansamos. Deitei na grama e vi uma borboleta...ahhh as borboletas e nossa relação. Sim, eu e elas conversamos...somos amigas...elas pousam em mim, confiam no meu caráter e sabem que jamais faria algum mal à elas.
Dizem que a borboleta é o "pássaro da alma" e eu acho que Deus as fez para nos confrontar da forma mais intensa e profunda.

a borboleta de Itatiba


Viajei no processo de metamorfose daquela minha amiga borboleta e nunca mais esqueci. Hoje aquela viagem é mais real na minha vida do que o teclado que digita essas palavras....
 
Nunca vi bicha mais acomodada que a lagarta. Ela é molenga, lesmuda e vive a vida em slow. Ahhh sem falar que só come. E mesmo assim, manda bem produzindo os fios de seda que formam o casulo e sua proteção. A vida dela é boa, o mundinho dela é tranquilo. Ela nem se importa com as maldades dessa vida, com fofoquinhas, nada a abala. Mas ela sabe que um dia a festa vai acabar. Com certeza ela sente que aquela vida no casulo é o fim de uma fase. E cer-te-za que ela deve achar UÓ.

Visualizo a lagarta dramatizando: por queeee meu Deus, eu não mereço isso!!! 

E a parada é mais forte do que a vontade dela. A lagarta se transforma dentro do casulo, o corpo dela vai mudando e chega uma hora que ela tem que romper...já não dá mais para continuar no comodismo. E quando rompe, TEM QUE COLOCAR AS ASINHAS PRA FORA e tem que voar.


Acho que o primeiro voo é como um bebezinho andando.  Parecem meio bêbados, né? Ela deve voar toda desorientada...afinal gente, olha a crise na vida dessa bicha! Vocês acham que ela não lembra seu passado de segurança? Fora o apego aos hábitos e o medo que a impede de ver as possibilidades.
Ela escolhe: ou sofre, ou se frustra ou se transforma de uma vez por todas!

E o processo de mudança é inevitável na vida dela. Mas se ela assumir a transformação seus sentidos ficarão alertas e haverá energia, vontade, coragem, desejos, sonhos! 
Cai o comodismo e entra o "mundo desconhecido de coisas novas que fazem a borboleta sentir borboletas no estômago"!


Alguém ai sabia que a borboleta pode atravessar um oceano voando? 
Não sabia?
Então já sabe...ela pode e ela vai, linda, leve, loira/morena, colorida e mostrando seus dentes invisíveis porque o sorriso está escancarado em sua cara de borboleta.
Ela recria seu futuro. Ela se conecta com Deus e Sua linda criação.
Ela se sente merecedora da mudança. Ela entende que os fios de seda e o alimento garantido não a fazem plena. Ela é o pássaro da alma que precisa de liberdade e não de limites. E ela vai...na verdade, ela está indo.

Prazer, meu nome é Michele e ontem deixei minha vida de lagarta, rompi o casulo.
Estou colocando as asinhas para fora e depois conto melhor a sensação e os resultados. Agora vou voar um oceano e já volto. Afinal é como diz a música: "I was blind, now I can see...".

Com carinho. 
Micheleta.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A free man..ops, bear.

Muiê, começa a postar suas fotos no blog, disse um dos melhores amigos da vida inteira.
Parei, pensei, deixei. 
Muiê, faça logo essa página e coloca suas fotos.
Ai caramba, não que é tem tudo a ver?, pensei eu.

Então lá vai, gente. Lá vai uma das minhas fotos preferidas junto com a minha interpretação, afinal como bem sabem, não sou terráquea, nem marciana, nem nada disso...vivo num mundo paralelo e talvez por isso meu lugar preferido seja Wonderland !!

A foto do urso esquecido.
Março de 2012
Brás, São Paulo, SP.

Quer um abraço?

Meu nome? Não importa, deduza você.
Já fui marrom, mas não um marrom escuro, era clarinho...quase bege. Um dia vi que uma turma se reuniu e olhando para mim comentavam algo, me tocavam e continuavam confabulando. Deduzi que tinha a ver com a minha cor. Ouvi que o bege me apagava, mesmo com esse tamanhão todo.
Me pintaram. Tossi muito, acho que era alergia da tinta. Ninguém ligou e eu sabia que não adiantava falar, eles nunca escutaram e nem escutariam. Resisti e me curti, fiquei dourado.

Passou um tempo, não muito, e uma pessoa me levou pra outro galpão. Acho que era galpão, não sei bem porque era transportado com um capuz que cobria meu corpo inteiro. Acredito que eles não queriam que eu descobrisse o caminho para não fugir.

Estava farto daquela vida! 

Foi quando vi que iam me pintar de branco, porque branco tem a ver com paz e coisa e tal.
Ahhh mas não mesmo, nem aqui, nem na China, pensei eu.

Vi um filme outro dia, chamava Toy Story. Será que sou brinquedo? Ou será que estou mais pra Uma noite no museu?. Eu precisava de um coração, de uma vida, precisava dominar minhas pernas. Desejei que esses filmes fossem reais.

Filhoooos da mãe, estão me pintando!!! Pronto, tô branco e purpurinado. Tô horrível e tossindo que nem um trem avisando que está chegando na estação, aff.

Opa opa péra lá, estão me colocando num carro enorme e tem gente me olhando. E essa música no último volume?? Ah não, não querooo. Péra, tô sentindo meus pés...vou correr.

E corri, e vi uma loja de tinta. Então resolvi que viveria com a cor que eu escolhesse. Curti o pink, me pintei. Fui livre. Corri, mas meus pés pararam, tive que parar. Parei e não importa mais nada, agora sou livre. Tomo chuva, tomo muito sol na cachola, me rasgam, me olham, me fotografam e até já me fizeram de colchão. Não importa, sou livre.




A foto no Instagram e seus filtros que tanto amo.