PARA OUVIR O POST ENQUANTO LÊ A MÚSICA:
https://www.youtube.com/watch?v=9HRX3SMy8FE
“NUNCA VENDA AQUILO QUE NÃO SE PODE COMPRAR”.
Seu Marchine
Essa é a frase mais sábia de todos os tempos.
Um dia minha “amiga irmã comadre” Aninha Marchine contou
que seu pai, com toda a sabedoria de um homem que sabe das coisas, falou bem
sério para ela:
“filha, não venda
suas férias, aliás, nunca venda aquilo que não se pode comprar!”.
E eu, me sentindo uma filha postiça da situação respondi
mentalmente: “tá bom, papi”.
Sigo fielmente o ensinamento não vendendo jamais dias de
férias e nem a minha paz (em algumas situações, claro).
Mas agora decidi não
me vender mais à angústia do desconhecido.
Sabe quando sua vida está prestes a mudar de forma
drástica? Ou sabe quando você tem algo muito muito muito importante para fazer
amanhã e está sofrendo há 3 semanas? Então...é para isso que decidi não me
vender mais.
Tá bom vai, comecei falando do que posso vender e não de
me vender à algo. Mas é tudo a mesma coisa e você entendeu o que quero dizer.
Chega de ficar louca alucinando nas possibilidades de
amanhã sendo que HOJE preciso VIVER.
De estranha já basta a situação que vivi no metrô em meados de setembro
de 2014.
Naquele dia resolvi aproveitar a hora do almoço para
buscar uma roupa baphooooonica que comprei da minha estilista predileta.
Hora da
propaganda: @lacecileonline
Fui de metrô, peguei o lindo pacote na portaria do
prédio dela e senti aquele frio na barriga de quando adquirimos algo novo,
aquele suspiro apaixonado por coisa nova, ai ai....
Entrei na estação Alto do Ipiranga e na estação seguinte
uma mulher, como tantas outras, entrou também.
Ficou em pé, o tempo todo, no metrô vazio, na
minha frente, olhando pro nada.
Eu olhava para essa mulher e pensava: “tem alguma coisa estranha”.
Eu olhava para essa mulher e pensava: “tem alguma coisa estranha”.
Ela estava de óculos escuro, um casaco bem quente com capuz (só que fazia calor) e um olhar estranho. Para ajudar, a senhorinha sentada ao meu lado ficava dando a letra: "á lá, á lá", falava só isso e me cutucava.
E sabe quando você sabe que não deve olhar para uma pessoa, mas olha? Então...toda hora eu olhava e quando ela percebia, eu disfarçava rapidinho. Aquilo tudo estava com cheiro de "vai dar ruim".
Perto da estação Trianon-Masp, sacou um martelo da
bolsa, M A R T E L O, começou a martelar com muita força aquele botão de emergência pro metrô
parar e gritava: “assaltar eu não vou,
mas tô armada e acho bom todo mundo ficar quieto”.
Ela queria parar o metrô de qualquer forma e na hora pensei: “adeus, é bomba, vamos todos pros ares ouuuu ela vai soltar um gás lacrimogêneo, já era!”.
Ela queria parar o metrô de qualquer forma e na hora pensei: “adeus, é bomba, vamos todos pros ares ouuuu ela vai soltar um gás lacrimogêneo, já era!”.
No meio do meu pensamento, ela mexeu na mochila e tirou
uma caixinha....gritei na minha mente: “é
a bomba, lascouuuu!”.
O povo todo correu para as laterais do vagão e ela ficou
no meio, sozinha, causando.
Minha vida recente passou pela mente. Sim...não vou
mentir, não pensei no passado. Pensei na roupa que não seria usada, no
restaurante por quilo mequetrefe que teria proporcionado minha última refeição,
na dieta lascada que fez com que eu não comprasse um Tablito, nessas coisas bem
fúteis, sim, pensei nelas e em outras mais sérias.
Mas de repente o vagão parou na estação, ufaaaaaaa. Eu e
meus amigos do momento ficamos aguardando o próximo passo da terrorista. Ela
ameaçava ficar e nós ameaçávamos sair, ela saiu e nós corremos para dentro. Foi
ridículo, parecia um flash mob.
O que importa é que ela saiu, os seguranças do metrô
correram atrás e não posso dizer o que houve porque não sei.
Aposto que sua curiosidade ansiava por um desfecho, a
minha também, mas estava muito nervosa no momento.
Sendo assim vamos inventar
que ela saiu correndo e três guardinhas atrás. Ela se escondeu na letra A do
grande letreiro PRIMAVERA que ficava na frente do TOP CENTER, quando de repente
um palhaço com o cartaz “ME ABRACE” a pegou. Surpreendida pelo momento pensava: "palhaço otário, odeio palhaço, vou
explodir esse palhaço".
Mas aquele abraço que era algo que a menina mulher jamais conhecera, entrou como a arma mais profunda em seu coração, e a
bomba se transformou em flores e todos na Av. Paulista começaram a se abraçar
desejando um mundo melhor. Fim!
Bom, tudo isso para concluir que não me venderei à
angústia do desconhecido para não agir como uma terrô no metrô paulistano.
Tá bom vai, pode até ser que eu esteja contando isso
porque amanhã tenho uma apresentação importante.
Seria só mais uma entre
tantas.
Mas é que na reunião de briefing, no começo de janeiro, com a presença da
diretora da agência e da criação, pessoas de uma séria instituição britânica
falavam na sala, quando resolvi levantar para pegar um inofensivo bolinho de
maça.
Eu, num vestido longo me achando elegante, fiz um movimento
inexplicável e tomei um tombo gradual, daqueles que você luta para não cair e
deixa a cena mais ridícula, até cair no chão - PÁH - deixando o ambiente
divertido para alguns e vergonhoso para outros (eu).
Só consegui levantar, engolir o choro, disfarçar a dor, falar "pode rir, gente", pegar bolo de maça e sentar com uma
grande cara de tacho.
Amanhã estarão todos lá, olhando para a minha cara, esperando
que eu não caia.
E eu?
Eu não quero nem saber, amanhã é amanhã e hoje vou
colocar o som bem alto, cantar e dançar do meu jeito, porque
não vai rolar vender aquilo que não posso comprar....NA-NA-NI-NA-NÃO!
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